Boleiros - Era uma Vez o Futebol...(Brasil, 1998)
93 min.
Direção: Ugo Giorgetti
Elenco: Adriano Stuart (Otávio), Flávio Migliaccio (Naldinho), Otávio Augusto (Virgílio), Cássio Gabus Mendes (Zé Américo), Rogério Cardoso (Ex-árbitro), João Acaiabe (Ari), André Abujamra (Pai Vavá), Cazé Pecini (Locutor de rádio), Oswaldo Campozana (Tito), Lima Duarte (Técnico)
Sinopse: Em um bar, onde o futebol marca presença na decoração das paredes, nos quadros e posters, seis amigos (cinco ex-jogadores e um árbitro aposentado) revivem grandes momentos do futebol. Entre as histórias relembradas, está a de Virgílio Penalti (Otávio Augusto), um árbitro que foi comprado e inventou um penalti em uma grande decisão, o caso do atleta garanhão, que vivia tentando escapar das concentrações para ter encontros com uma modelo (Marisa Orth), o ex-grande craque que atravessa momentos difíceis uma vez que a carreira acabou, o ex-craque, hoje vivendo de tentar ensinar garotos gordinhos de classe média como jogar futebol numa “escolinha”, a macumba como último recurso quando a ciência parece falhar, o racismo ainda que a vítima seja um grande craque, a chegada traumática à cidade grande... Enfim, histórias de futebol.
A grande sacada do filme é mostrar um pouco do cotidiano dos jogadores de futebol. Mostrar situações interessantes e especiais vividas pelos atletas. Situações que, muitas vezes, passam despercebidas pelo público em geral. E esses momentos vão sendo apresentados na mesa do bar, narradas por pessoas que já vivenciaram o mundo do futebol.
(Brasil, 2006).
Direção: Ugo Giorgetti
Elenco: Adriano Stuart, Flávio Migliaccio, Paulo Miklos, Lima Duarte, Denise Fraga.
Estréia: 07/04/2006.
Sinopse: O filme se dá em dois planos. Um, em que se relata a primeira visita que um famoso jogador brasileiro radicado na Europa faz ao Brasil depois que se tornou penta campeão mundial. È também a primeira visita que esse jogador faz a um empreendimento do qual agora é sócio. O famoso bar do Aurélio, tradicional reduto de "boleiros".
A presença desse astro no bar arrasta consigo todas as conseqüências previsíveis. Imprensa, escrita e falada, torcedores, mulheres á procura do jogador, empresários, advogados, etc. Toda a estranha fauna que cerca hoje o futebol, e não só o futebol, mas todas as atividades inclusive as esportivas e culturais que possam oferecer qualquer possibilidade de lucro rápido.
É nesse sentido que o filme é uma leitura do Brasil de hoje.
Durante a visita do jogador descobre-se a realidade: que ele tem um irmão preso cuja identidade deve ser mantida em segredo da imprensa custe o que custar, que tem um filho ilegítimo com um a jovem torcedora que o persegue e ameaça, que está enfim nas mãos de seu empresário.
O empresário por sua vez vem do mesmo meio. Foi ele mesmo um jogador, talvez mais esperto que os outros, mas sua cabeça e seus valores são ainda aqueles que adquiriu na vida dura da extrema periferia.
A vida é guerra e quem pode mais chora menos.
Apesar disso, ricos e supostamente sem problemas os dois, jogador e empresário, tem que sorrir, dar entrevistas e atender torcedores. E mentir.
Esses torcedores, que no fundo ignoram ou não se interessam por todas essas transformações porque passou as relações no futebol, na verdade só se importam com o jogo e com os feitos de seus ídolos.
Eles também são personagens do filme, exemplificados através de uma dupla de pequenos delinqüentes que apesar de uma vida precária e perigosa de assaltos e furtos não perderam uma certa inocência, uma certa paixão autentica pelo futebol, que os faz comparecerem amigavelmente no bar para saudar seu ídolo que chega. Claro que no trajeto aproveitam para realizar um ou dois assaltos.
Indo mais longe na observação dos subterrâneos do futebol o filme se dedica a outro personagem: o irmão presidiário do famoso jogador . Ele também joga, embora na prisão. Ele também é um grande jogador, talvez melhor que o outro. Enquanto um é ídolo na Europa outro é ídolo nos campos quase sem grama, cercado de muralhas com guardas armados de um grande presídio em S.Paulo.
O irmão desafortunado aproveita da fortuna do outro para extorquir-lhe dinheiro e comprar mais privilégios na prisão.
Esse seqüência de situações e de personagens que se cruzam e se ligam através do jogo de futebol é feito nesse único dia da visita do jogador.
O filme ,porém, se dá também em outro plano. Nesse mesmo bar há um mezzanino, ao qual se chega através de uma velha escada, e que permanece como antigo refúgio de velhos "boleiros" que sempre freqüentaram o bar. Nesse mezzanino as mudanças que se sente no andar de baixo ainda não chegaram.
Enquanto na parte de baixo já se nota que o velho bar está deformado pela pseudo modernidade dos novos sócios, já cheio de luzes, plástico,telões e som jovem, o mezzanino se mantém ainda intacto em seu aspecto antigo , tal como foi mantido por anos e anos.
Nesse lugar o filme adquire outro aspecto, ou seja, o do passado, das coisas que passaram rápido, da transitoriedade da glória e mesmo da vida.
Os "boleiros", antigos grandes jogadores, antigos astros, vêm lá de cima outro jogador ser investido da glória, das homenagens e do interesse que um dia eles mesmos provocaram.
Entre uma cerveja e outra observam entre irônicos e um pouco nostálgicos o espetáculo da cerimônia da exaltação da vaidade humana, que se repete com infinita monotonia. Só mudam os atores.
Esses jogadores passam seu tempo conversando e conversando é claro, sobre futebol. E das histórias que contam e recordam surge um outro mundo onde o dinheiro contava pouco e a alegria de jogar contava mais.
Os casos que contam e que o filme ilustra fazem entrever os valores e as atitudes de uma sociedade que praticamente não existe mais.
Notas da Crítica:
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