Cinema, Aspirinas e Urubus


(Brasil, 2005)

Drama - 90 min.

Direção: Marcelo Gomes

Roteiro de Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Karim Aïnouz, inspirado em relato de viagem de Ranulpho Gomes. Produzido por Sara Silveira, Maria Ionescu e João Vieira Jr. para a Dezenove Som e Imagens / Rec Produtores Associados. Música de Tomás Alves de Souza. Elenco: Peter Ketnath (Johann), João Miguel (Ranulpho), Hermila Guedes (Jovelina), Mano Fialho (Caçador), Oswaldo Mil (Claudionor Assis).

Sinopse: 1942. No sertão do Brasil, encontram-se dois homens muito diferentes: o alemão Johann (Peter Ketnath) , que fugiu da guerra, aceitando um emprego para vender a mais nova droga miraculosa, a aspirina (Na hora da dor não perca a cabeça. Tome Aspirina); e o sertanejo Ranulfo (João Miguel), mais um dos muitos agricultores expulsos de suas terras pela implacável seca nordestina. Johann precisa de um ajudante e contrata Ranulfo. Num caminhão, ao som de um radinho que traz as notícias da Guerra no Repórter Esso os dois percorrem as estradas poeirentas e pedregosas do interior do Brasil de povoado em povoado. Mostram aos moradores das menores vilazinhas um filme sobre o novo remédio que é a primeira experiência com o cinema da maioria deles . A viagem é também uma oportunidade de troca entre duas experiências de vida muito diferentes, do alemão urbano e educado, e do brasileiro iletrado mas versado em vários expedientes úteis para seu dia-a-dia. O rumo da viagem muda quando o Brasil declara guerra à Alemanha, a fábrica de Aspirinas é interditada e Johann é notificado que precisa voltar para seu país ou dirigir-se a um campo de concentração.

Johann é o galego que acha tudo no Brasil "interessante". Gosta de dormir no teto do caminhão olhando para as estrelas, ainda mais porque sabe que no seu país natal, as bombas estão caindo do céu. É vendedor de Aspirinas e o que mais gosta neste trabalho é o prazer de viajar. Já viajou por todo o país. Em cada lugarejo ele chega, monta o equipamento, põe as estacas, estende o pano branco ao ar livre mesmo e exibe o filme-propaganda de Aspirina. Depois é só vender o remédio já que o povo fica tão encantado com a magia do cinema que fica até com vontade de ter dor de cabeça só para experimentar o remédio. Durante seu trajeto ele vai dando carona pra todo mundo que pede. É assim que conhece Ranulfo, o agricultor de uma cidadezinha chamada Bonança que sonha em fazer sua mãe feliz mostrando a ela sua carteira de trabalho assinada por uma empresa como a fábrica alemã de Aspirinas. Aí seria a glória. Pergunta para Johann se eles o contratariam. "A época é difícil, por causa da guerra. E precisa saber dirigir", respondeu o galego.

Bastidores: VENCEDOR DO TROFÉU BANDEIRA PAULISTA, DO JURI DA 29a. MOSTRA BR DE CINEMA (21/10 a 03/11/2005 EM SÃO PAULO) NA CATEGORIA DE MELHOR FILME DE FICÇÃO.


Notas da Crítica:
Inácio Araujo, Folha Ilustrada: 3/4 ("Filme sólido, à moda do cinema pernambucano do século 21.")


Francisco Alves - Serra da Boa Esperança (1937)



Nenhum comentário: